quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Visibilidade gay e participação política


Os homossexuais conseguem visibilidade no dia da Parada do Orgulho Gay, certo? E nos outros dias do ano? Será que os homossexuais têm visibilidade dentro do cenário político e na sociedade civil? De que maneira, o homossexual adquire visibilidade em relação ao movimento para exigir os direitos LGBT? Essas são algumas perguntas que deixo para serem respondidas ao longo do texto.

Quando surgiu o movimento de liberação sexual em 1969 nos Estados Unidos, pouco se falava em gays, lésbicas e outras sexualidades. Como as pessoas costumam dizer, estávamos escondidos no armário. Em São Francisco, localidade onde os gays formaram uma das principais comunidades de luta por direitos de igualdade, liberdade e cidadania, a sociedade começou a enxergar os gays quando, no dia 29 de junho de 1969, esses saíram às ruas e lutaram durante três dias contra a repressão de milhares de policiais na cidade de Stonewall. A partir daí, os gays de São Francisco ganharam visibilidade e lutaram contra o preconceito, a falta de direitos civis e a participação política.

Já no Brasil, até o início da década de 80, ninguém falava de homossexualidade. Esse assunto era um verdadeiro tabu, alguns até não acreditavam na existência de pessoas que gostavam de se relacionar afetiva e sexualmente com indivíduos do mesmo sexo. Mas, nessa mesma época, surgiu a síndrome de imunodeficiência adquirida, mais conhecida como AIDS. Nisso, percebeu-se que os principais infectados pela AIDS eram aqueles que gostavam de pessoas do mesmo sexo. Desse modo, a sociedade construiu o estereótipo que “quem tem AIDS, é gay”. Até hoje, muitos indivíduos crêem nessa estúpida frase, apesar das pesquisas do Ministério da Saúde apontar que os casais heterossexuais estão se contaminando com o vírus HIV mais que os homossexuais. Mas, isso é um outro assunto que abordaremos melhor em outra postagem.

Retornando à questão da visibilidade homossexual, no final da década de 70 e início dos anos 80, surgiram vários grupos em defesa da homossexualidade no Brasil. Entre eles, o Grupo Gay da Bahia (GGB) que, para retirar da sociedade civil esse estigma de que “AIDS é doença de gay”, promoveu - e promove até hoje – a distribuição de preservativos para homossexuais. Além disso, o GGB oferece atendimento jurídico e psicológico para gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.

Conseguimos também, com muitas lutas e reivindicações, modificar os estereótipos criados pela sociedade e amplificados pela mídia em relação aos gays e lésbicas. Hoje, apesar de assistir a um ou outro programa de televisão tratando o homossexual sob a visão deturpada de que “todo gay é afeminado” e “toda lésbica é machona”, temos uma abordagem midiática menos preconceituosa. Mas, e a visibilidade?

Para obtermos visibilidade mais ampla no âmbito sócio-político, é necessário inserir militantes comprometidos com o movimento LGBT na política contemporânea. Desse modo, os eleitores homossexuais e simpatizantes com o movimento devem votar nos candidatos que desejam lutar pelos nossos direitos dentro da Câmara Municipal. Se tivéssemos representatividade/visibilidade no fazer político, os projetos de lei que regulamentam a união civil entre pessoas do mesmo sexo e a criminalização da homofobia já teriam sido aprovadas e sancionadas.

Então, no próximo dia 5 de outubro, 70 candidatos gays, lésbicas e travestis disputam vagas para vereador ou prefeito em todo o Brasil. Vamos votar nesses para construir uma bancada política mais democrática. Vamos ter cuidado também para não colocar candidatos que utilizam a homossexualidade como representação da esculhambação, preconceito ou chacota, pois isso pode amplificar discursos preconceituosos em relação ao grupo LGBT.
Por isso tudo, reitero que nós – homossexuais – só conseguimos visibilidade no dia que vamos às ruas para o desfile de Parada Gay. Após essa data, muitos homossexuais voltam a ser esconder nos respectivos armários, tornando-se invisíveis perante a sociedade. Devemos participar do cenário político e garantir benefícios aos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Desse modo, a visibilidade em relação ao movimento LGBT ganhará destaque na agenda política e midiática não só na Parada LGBT, mas também nos outros dias que os homossexuais apresentarem projeto na Câmara que favorecem a classe ou algo nesse sentido de aprovação política.
Imagem capturada do link:

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