domingo, 21 de setembro de 2008

Parada gay com enfoque político e contra a homofobia

Luiz Mott e o cantor Gerônimo foram algumas das atrações da Parada Gay 2008


A Parada do Orgulho Gay de Salvador foi marcada pela irreverência, diversão e luta por cidadania, igualdade e liberdade sexual. Em sua sétima edição, o evento superou as expectativas com o desfile de 12 trios elétricos e a participação de mais de 500 mil pessoas entre gays, lésbicas, travestis, bissexuais, transformistas, transexuais e simpatizantes à causa. Com o tema Homofobia: Seu voto vale sua vida, a Parada desse ano teve o objetivo de conscientizar os homossexuais em relação à importância de votar naqueles candidatos que desejam representar o grupo LGBT no cenário político. Inédito nas eleições do país, 70 candidatos comprometidos com o movimento disputam os cargos de vereador e prefeito, sendo que 11 desses estão almejando cargos políticos na Bahia.

Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), abordou a questão da homofobia no estado. Só para lembrar que, até o final de agosto desse ano, 19 homossexuais foram assassinados na Bahia. Esses dados parciais já ultrapassaram o do ano anterior – 18 homossexuais mortos – e coloca o estado em primeiro lugar em ocorrência de crimes contra homossexuais. E o projeto de lei que criminaliza a homofobia foi negado pela Câmara dos Deputados por causa dos argumentos infundados dos adeptos da Igreja Universal do Reino de Deus.

A Parada Gay 2008 também teve a participação de nomes importantes da música baiana. O cantor Gerônimo, padrinho do evento, embalou milhares de pessoas com canções que abordam o sincretismo religioso de Salvador. Atrações populares como a cantora de arrocha Nara Costa e a banda de pagode Saiddy Bamba diversificaram a sonoridade da Parada junto com os trios de música eletrônica.

Apesar de não poderem falar sobre política no evento, os candidatos a vereadores Marcelo Cerqueira e Leo Kret fizeram questão de comparecer à Parada. Aliás, a ex-dançarina do Saiddy Bamba mostrou toda a ousadia, ao aparecer na Parada presa dentro de uma jaula ao lado de um gogo boy.

Pela primeira vez, a Parada destinou um trio elétrico exclusivo para as travestis, transexuais e transformistas. Esse segmento, no último mês de junho, obteve o direito de fazer a cirurgia de mudança de sexo no Sistema Único de Saúde. Além disso, o grupo realiza entre os dias 14 e 18 desse mês um encontro que discute as questões dos transgêneros.

Infelizmente, a segurança - mais uma vez - deixou a desejar na Parada desse ano. Apesar de a Polícia Militar ter reforçado a quantidade de profissionais, os bandidos aproveitaram o número expressivo de pessoas para agir em quadrilha, deixando os participantes da festa sem chance de defesa ou de pedir ajuda.

Desse modo, a Parada do Orgulho Gay de Salvador destacou a questão da violência ao homossexual, se preocupando com os altos índices de homofobia no estado e no país. Segundo dados do GGB, o Brasil lidera o ranking de crimes envolvendo gays, lésbicas e travestis. Só esse ano, quase 100 homossexuais foram assassinados no país. Portanto, percebe-se que a Parada Gay de Salvador, com o passar dos anos, adquire mais poder de visibilidade e força política.

2 comentários:

Cleitinho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cleitinho disse...

Nul'z ..

sem sombra de dúvidas a liberdade de expressão, pelo menos neste dia, aconteceu.
Afinal, não é todo dia que se vê pelas ruas casais de gays se beijando.
A questão violência é outro ponto chave ..
Posso falar com propriedade porque acompanhei o Saiddy Bamba por quase todo seu percursso e o que vi foi a ação incontrolável da marginalidade. P.S: " Os caras metiam a mão no bolso mesmo".

Enfim ..

Diego, sucesso pro seu blog !!

abraço.